Um presente, de quem já morreu. Gostamos muito destes presentes que não se repetem.
O ramo de algodão está morto na borda da mesa? A madeira da mesa, antes árvore em floresta urbana, está viva?
Estamos vivos, nestes corpos nascidos a tanto tempo atrás? O que respiramos, o futuro, ou ontem?
Basta, estamos agora, não é aqui, é agora, neste exato minuto, prontos para nós mesmos. Ou nem tanto!
O que fazer?
Viver, com aquilo que somos. Tão pouco...
Não nos agrada?
Paciência, somos simples e mortais, não somos deuses, não somos eternos, não somos belos, nem perfeitos.
Somos gentinha, dois braços, duas pernas e tantas recordações. Sou um pouco de ti, quando minto e procuro o outro, além, muito além de mim, inalcançável. Sou um pouco de ti, quando minto para não estar só. E justificar-nos!
Desculpa esta palavras insanas, de poeta despedaçada no nascer do sol, e que acaba por acordar assim,
meio feliz e espalhada entre palavras incertas e dúvidas generosas. Dúvidas generosas?
O ramo de algodão está vivo, por que é belo. E a beleza sempre escapa da morte, fica a espreita, escondida antes e depois do massacre e entra furtivamente nas bagagens dos sobreviventes, normalmente nos seus olhos.
Quem disse que nos olhos só cabe a tristeza?
(c)Ione França
Parede, 14 de dezembro de 2016
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